Rolim de Moura,

Pai chora ao lembrar de filho de 7 anos assassinado em loteamento de Porto Velho
'No aniversário dele, ele guardou um pedaço de bolo para mim. Eu não pude ir', recordou aos prantos. Menina de 13 anos foi apreendida suspeita de cometer o crime.

Por G1/RO
Publicado 22/10/2019
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Foto: Rede Amazônica/Reprodução

"Ele gostava quando eu passava lá. Gostava quando eu o colocava no caminhão. Oh! Meu Deus. No aniversário dele, ele guardou um pedaço de bolo para mim. Eu não pude ir. Eu não pude ir!". Esse é o relato emocionado do pai de Gustavo Henrique, o menino de 7 anos assassinado em um loteamento de Porto Velho. O corpo da criança foi encontrado na região no último fim de semana.

Sem querer se identificar o pai do menino detalhou brevemente sobre como era a relação entre pai e filho. "O Gustavo era alegre. Eu passava lá, pois não queria deixar o menino crescer sem me ver. Ele gostava", disse.

Ele nunca viveu com Fabiana Pires Batista, mãe do garoto também encontrada morta no mesmo local onde o filho foi achado sem vida. Ele foi a primeira pessoa que viu parte do corpo da mulher, que estava em uma cova. "Eu reconheci a carinha dela assim. Chamei o Corpo de Bombeiros, polícia e fiquei esperando eles baterem lá na minha avó", descreveu.

O pai de Gustavo contou ter imaginado que o bebê já não estava mais na barriga de Fabiana, pois o corpo foi desenterrado "sem barriga".

"Na hora eu imaginei. Na hora. Quando começaram a levantar eu falei que ela estava sem barriga. E as pernas estavam intactas, certinhas. Nós olhamos para a barriga e estava cortada a barriga. Foi ela (irmã de Fabiana)", contou o homem.

Uma menina de 13 anos, irmã de Fabiana e tia de Gustavo, foi apreendida nesta terça suspeita de ser a autora do duplo assassinato. Segundo a delegada que conduz o caso, Leisaloma Carvalho, ela não demonstrou qualquer arrependimento durante seu depoimento.

A menor, conforme as investigações, abriu a barriga da vítima e arrancou o bebê, de 8 meses, com uma faca. O recém-nascido, um menino, seria entregue a uma outra mulher que fingia estar grávida de um garimpeiro. A criança segue estável no Hospital de Base da capital.

Leisaloma Carvalho disse que o menor de 15 anos aceitou ser comparsa nos assassinatos por desejar ficar com o bebê de Fabiana.

"Sabendo que a Fabiana estava com 8 meses de gestação, ele queria a criança, pois a mãe dele estava namorando um garimpeiro e ela queria 'sair da pobreza' dizendo pra ele que estava grávida. Ela estava simulando uma gravidez e ia aparecer com essa criança. Ele diz que a mãe não participou do ato executório em si, mas que ele foi lá e que ele inclusive ajudou a cortar a barriga da vítima pra retirar a criança", disse a delegada.

Veja resumo do caso:
O corpo de Gustavo Henrique foi encontrado boiando no lago do loteamento no domingo (20);
Um dia depois, a mãe dele, Fabiana Pires Santana, de 23 anos, foi encontrada sem vida com parte do corpo enterrado na mesma região;
Segundo familiares, a mulher estava grávida de 8 meses e o corpo foi achado sem o bebê;
Na madrugada de terça-feira (22), a suspeita pelo então duplo assassinato foi apreendida. É uma menina, de 13 anos, irmã de Fabiana e tia de Gustavo;
Em depoimento, a irmã de Fabiana não demonstrou arrependimento pelo crime;
As investigações apontaram que a menina teve ajuda de um adolescente de 15 anos. Ele pegou o bebê da vítima;
O bebê foi encontrado e o adolescente apreendido. A criança segue internada no Hospital de Base de Porto Velho e o quadro clínico é estável;
Uma representação foi feita para que os suspeitos sejam internados;
A mãe do adolescente que pegou o bebê – agora suspeita de envolvimento no crime – é procurada pela polícia, que acredita que haja mais participantes no crime.

Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

Fonte: G1/RO