Rolim de Moura,

Entre posts e abraços, Flamengo busca equilíbrio na relação rodízio, Dome e Gabigol
Silêncio do atacante após ser decisivo contra o Fortaleza é reflexo de insatisfação com episódios em série nos últimos dez dias. Boa relação com treinador não impede incômodo com decisões

Publicado 06/09/2020
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Não há desavença, mas há insatisfação. E o Flamengo faz contorcionismo nos bastidores para evitar que a pólvora que rodeia a equação Gabigol + Dome + rodízio seja = a fogo. O "não vou falar" após marcar o gol da vitória sobre o Fortaleza, sábado, no Maracanã, diz mais do que qualquer entrevista sobre uma situação que incomoda o atacante já há dez dias.

O carinho nas comemorações reflete o sentimento recíproco entre Dome e Gabriel. Longe da sinergia imediata que havia com Jesus, mas no Ninho do Urubu a avaliação do espanhol é unanime: um gentleman, muito gente boa. Quando passa para as tomadas de decisão no time, porém, ainda há resistências, principalmente ao conceito de rodízio.

O primeiro ruído aconteceu após o empate contra o Botafogo. Gabriel e Rodrigo Caio já estavam recuperados dos problemas musculares depois de três dias de tratamento e não participaram de todo treinamentos com o grupo na quinta e na sexta-feira que antecederam o jogo com o Santos.

O cenário era o mesmo: aqueciam, faziam um trabalho leve com bola e seguiam para atividades físicas complementares. Gabriel já se sentia em condição de treinar normalmente e se posicionou em rede social.

A situação foi muito parecida com a que aconteceu com Arrascaeta, mas o uruguaio deixou para fazer a postagem depois de ser reserva no clássico com o Botafogo. Ciente de que Dome cogitava poupá-lo, Gabriel se antecipou e registrou:

Ficar fora do jogo em sua casa, diante do Santos, no dia do aniversário, era fora de cogitação e a forma física não seria justificativa. No sábado, o atacante treinou, garantiu a escalação e foi decisivo na vitória por 1 a 0 na Vila Belmiro. Melhor em campo e gol decisivo.

A torção no tornozelo o fez deixar o gramado mais cedo. A corrida com os reservas ao apito final ainda na Vila, por sua vez, era quase um recado: está tudo bem. Gabriel curtiu sua festa de aniversário no Guarujá e chegou de volta ao Rio de Janeiro sem mancar ou queixar-se de maiores dores.

O Flamengo chegou a divulgar comunicado de que o camisa 9 tinha se reapresentado bem. Mas o descanso que era uma possibilidade contra o Peixe se tornou real diante do Bahia. Gabi deixou claro para Dome que estava em condição de jogo, os médicos também não vetaram, mas o espanhol optou pela permanência no Rio.

Gabriel entendeu a opção sem questionar. Os jogadores conversam entre si e já perceberam que o conceito de poupar de Dome é diferente do que estavam acostumados. Para o treinador, qualquer dorzinha é suficiente para tirar do jogo. Não entendem, mas aceitam, respeitam a hierarquia.

A ida para o banco de reservas contra o Fortaleza, no entanto, não foi bem digerida por Gabriel. Estava 100%, estava descansado, e estava com fome para entrar em campo. Treinou com muita vontade quinta e sexta, até que soube da decisão por volta das 14h de sábado.

"Foi uma decisão técnica. Mas é normal. Ninguém é mais importante do que o grupo. Estamos felizes com o Gabi. É nosso artilheiro, mas o Pedro também jogou muito bem"
- Quando analisei o Fortaleza, decidi manter o Pedro porque estava feliz com a atuação dele. Gabi nos ajudou muito saindo do banco. É um ganhador. Mas nem ele nem ninguém vai jogar todos os jogos. Nem Rodrigo, nem Filipe... porque não vão estar 100% - disse em entrevista coletiva.

Mais do que a saída do time, o desenrolar dos fatos nos últimos dez dias foi o que incomodou Gabriel. O abraço de Marcos Braz no túnel que dá acesso ao vestiário serviu para tentar acalmá-lo. Mas o "não vou falar" já tinha dito muito para o atacante que marcou quatro gols nas últimas quatro vezes que esteve em campo.

Quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), é dia de Fla-Flu, pela nona rodada do Brasileirão, a tendência é que Gabigol volte a ser titular, mas o banco de reservas será um ambiente mais comum para todos no Flamengo. Não só para o camisa 9.

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Fonte: GloboEsporte