Rolim de Moura,

Saúde lança nota técnica com orientações de atendimento a migrantes, refugiados e apátridas
Material de boas práticas é inédito e voltado a gestores e profissionais de saúde. Nos últimos dez anos, mais de meio milhão de migrantes foram cadastrados na rede de atendimento

Por Redação
Publicado 02/04/2024
A A

O Sistema Único de Saúde (SUS) é universal e isso significa que todas as pessoas que o procuram devem ser atendidas - inclusive migrantes, refugiados e apátridas. Embora esse direito já seja garantido, o Ministério da Saúde acaba de lançar uma nota técnica para orientar gestores e profissionais da rede a oferecer o cuidado integral mais adequado a esse público.

“É a primeira vez que publicamos um material com essas recomendações de boas práticas”, ressalta a coordenadora de Acesso e Equidade da pasta, Lilian Gonçalves. “A própria Constituição Federal já assegura o direito à saúde para todas as pessoas em território brasileiro. Porém, é importante instrumentalizar os municípios e os trabalhadores para que o atendimento ocorra de forma digna, bem planejada e sem qualquer barreira no acesso”, defende.

A nota técnica é voltada, especialmente, para a atenção primária - a principal porta de entrada do SUS e organizadora de toda a rede. O documento apresenta ainda a legislação do país (e os documentos internacionais dos quais o Brasil é signatário) sobre saúde e migração, define o que caracteriza migrantes, refugiados, apátridas, vítimas de tráfico de pessoas e mostra dados atualizados. Segundo o Sistema de Informações em Saúde da Atenção Básica (Sisab), 512.517 migrantes foram cadastrados nas equipes da atenção primária de 2013 a 2023.

Recomendações

O documento incentiva gestores a estruturar diretrizes de acesso à saúde das pessoas migrantes, refugiadas e apátridas nos planos municipais e estaduais de saúde; promover atividades de educação permanente sobre migração e aspectos culturais para as equipes de saúde; fomentar o diálogo intersetorial e com organizações da sociedade civil; e disponibilizar recursos multilíngues, entre outras questões.

“A língua costuma ser um dos principais dificultadores no acesso à saúde para quem não fala português. Por isso, o uso de aplicativos multilíngues e de tradução pelos profissionais de saúde, incluindo os agentes comunitários (ACS), é muito bem-vindo”, explica Lilian.

Confira as principais orientações para as equipes de saúde:

  • Realizar o cadastro no e-SUS APS ou em sistema próprio, o acolhimento e o atendimento independente da documentação que a pessoa possuir;
  • No caso da ausência de comprovante de residência, os dados de endereço do estabelecimento de saúde podem ser utilizados;
  • Disponibilizar material multilíngue com orientações sobre os horários de funcionamento, os atendimentos e os procedimentos ofertados na unidade, publicizando o calendário vacinal, locais e horários de dispensação de medicamentos, etc;
  • Realizar a estratificação de risco e vulnerabilidade, identificando possíveis descontinuações de tratamentos de condições crônicas de saúde;
  • Compreender as especificidades culturais, de crenças e religiosidades, hábitos alimentares e nutricionais, além de aspectos da linguagem e comunicação das pessoas migrantes, refugiadas e apátridas atendidas;
  • Na identificação, atentar para possíveis sinais de violência, situação de tráfico de pessoas, de trabalho análogo à escravidão ou de violação de direito, buscando auxílio dos órgãos competentes. Tendo em vista a vulnerabilidade dos casos, é importante o respeito ao sigilo, à integridade física da pessoa e ao atendimento culturalmente sensível;
  • Observar se há demandas relacionadas à saúde mental, e se necessário, articular o cuidado compartilhado com a equipe Multiprofissional (eMulti) ou encaminhar ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps).

Leia a Nota Técnica

Gostou do conteúdo que você acessou?

Quer saber mais? Faça parte dos nossos grupos de notícias!

Para fazer parte, acesse um dos links adiante para entrar no grupo do WhatsApp ou acessar nosso canal no Telegram

Fonte: Agência Gov