Rolim de Moura,

Ministério do Planejamento lança livro que conta a história do PPA 2024-2027
Retomada da capacidade de elaborar políticas públicas com planejamento abre nova etapa para a história do Brasil, diz ministra Simone Tebet

Por Redação
Publicado 03/04/2024
A A

O Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) lançou nesta terça-feira (2/4) o livro “Reconstrução do Planejamento Nacional”, ponto alto do seminário Internacional de Boas Práticas de Planejamento de Médio e Longo Prazos, realizado em Brasília. “Este lançamento coroa o esforço que tivemos em fazer, coordenar e elaborar a peça do ciclo orçamentário brasileiro, o PPA 2024—2027”, disse a secretária Nacional de Planejamento do MPO, Leany Lemos.

Ela foi uma das três organizadoras da publicação, ao lado da assessora do MPO Daiene Menezes e da presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Luciana Servo. A secretária ressaltou que a construção do Plano Plurianual (PPA) e a elaboração do livro são ações que contam com relevância redobrada, considerando que foram trabalhos executados após a ampla desestruturação da área de planejamento federal no governo passado.

“Estamos virando uma página muito importante da história do Brasil”, disse a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, no lançamento do livro, ao destacar que o governo Lula promoveu a retomada da cultura de planejamento para o poder público federal, prática preterida pela gestão passada, causando prejuízos para o País. “Eu era senadora, no meio da pandemia, e vi o Brasil sem saber para onde ir, sem saber onde comprar vacina. O Brasil não tinha planejamento nem a médio prazo. Era preciso resgatar a determinação constitucional; resgatar a cultura do planejamento. E isso foi feito”, reforçou a ministra.

Tebet lembrou da importância da recriação do MPO e da construção do novo PPA, sob dois marcos inovadores e fundamentais: o resgate da participação social na definição dos rumos do país e a reconstrução da capacidade de planejamento do Estado brasileiro. A ministra destacou que o livro lançado nesta terça-feira traz outra inovação, ao apresentar toda a documentação e registro de como o Plano Plurianual vigente foi elaborado, transformando-se em um verdadeiro manual capaz de auxiliar construções de planos futuros, no âmbito doméstico, ou até mesmo subsidiar outros países que queiram conduzir processos semelhantes.

“Agora temos uma agenda de médio e longo prazos, algo que nos faltava, e que há muito tempo não se via tão bem estruturada e consolidada”, disse a especialista em Gestão Fiscal do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Maria Cristina Mac Dowell. Ela apontou que a construção do PPA e, agora, o lançamento do livro sobre esse processo, foi uma experiência “muito rica e bem documentada”, permitindo levar toda essa expertise para outros países da região.

Leany Lemos reforçou que o lançamento do livro proporciona ao País a “memória institucional de como foi a reconstrução do planejamento nacional”. E esse processo tem uma nova etapa nesta quarta-feira (3/4), com a abertura de exposição com os registros fotográficos de todo esse processo, desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a recriação do MPO. A mostra será aberta às 14h30, no piso térreo do edifício-sede do MPO (Bloco K da Esplanada dos Ministérios, em Brasília).

Reconstrução

O Plano Plurianual (PPA) para 2024—2027 foi aprovado em 14 de dezembro de 2023 no Congresso Nacional. O material tem dois marcos inovadores e fundamentais: o resgate da participação social na definição dos rumos do país e a reconstrução da capacidade de planejamento do Estado brasileiro. “

“O lançamento deste livro é fundamental para a retomada do processo de planejamento estratégico nacional. Sentíamos falta da centralidade no processo de planejamento”, disse Servo, do Ipea. “Mas quero destacar: estamos comemorando o resultado de um processo que não se encerrou, que vai continuar em nossa agenda”, reforçou.

O especialista sênior em gestão fiscal do BID, André Martinez, apontou que o livro registra todo esse processo de construção e da retomada da centralidade do planejamento para o sucesso da política de longo prazo. “Sabemos que esse processo de aprimoramento dos instrumentos fiscais é um processo contínuo e desafiador. Mas tenho certeza de que vai servir de referência a muitos outros países da região”, completou Martinez.

Fernando Sertã, que foi diretor da Seplan na época da elaboração do PPA e hoje está na Casa Civil, lembrou de todo o processo de elaboração da peça, iniciado em meados de abril de 2023. Foi um esforço que contou com a realização de três fóruns Interconselhos, 27 plenárias regionais (com presença de mais de 34 mil pessoas) e uma plataforma para participação cidadã, que recebeu mais de 1,5 milhão de votos e colheu 8.254 propostas da sociedade. Sertã lembrou da importância de etapas posteriores a essa construção, com as tarefas de monitoramento, avaliação e revisão.

Daiane Menezes, hoje no governo do Rio Grande do Sul mas também integrante da Seplan no ano passado, destacou que a aplicação das transversalidades e da participação social foram “duas maneiras muito importantes de oxigenar o PPA”. Segundo ela, o livro “dá um passo a mais”, ao colocar os desafios e lições aprendidas na construção do PPA 2024-2027, deixando como perspectiva a incorporação de novos questionamentos e propostas, sempre com “foco no PPA cada vez mais aprimorado”.

“Planejar implica priorizar. E o PPA olha para horizonte mais amplo, sobre qual legado o governo quer deixar”, disse a secretária-adjunta Nacional de Planejamento, Virginia de Angelis Oliveira de Paula, ao destacar que o novo PPA reflete questões prioritárias para o atual governo, como combate à fome, às desigualdades, enfrentamento ao desmatamento e mudanças climáticas e a neoindustrialização. “O PPA traz decisões de centro de governo aliadas a propostas ancoradas na participação social”, declarou.

A diretora Flávia Pedrosa Pereira, chamou atenção especial para o capítulo do livro que trata do tema “O PPA e a atuação no território para a redução das desigualdades”. Ela ressaltou que estimular a regionalização é uma obrigação constitucional. “Não é algo corriqueiro, nem simples de se fazer”, afirmou.

“Na dimensão estratégica, todo esse trabalho foi indispensável”, disse o assessor da Seplan Ariel Pares. Ele ressaltou que foi na dimensão estratégica que se deu a participação social. “Não foi fácil acomodar as ambições da sociedade vibrando e acomodar nesse processo da dimensão estratégia, que orienta a macroeconomia e, portanto, as políticas públicas”, reforçou. Pares explicou que sob a dimensão estratégica foram elaboradas metas e indicadores-chave nacionais presentes no PPA, que flutuam desde uma banda uma mais otimista até outra banda, mais prudencial, mas que refletem os anseios do governo e da sociedade no PPA.

Uma das mesas do seminário trouxe especialistas da Alemanha, Chile, Coreia do Sul, Reino Unido, Finlândia e da ONU para compartilhar as experiências desses países com o planejamento de médio e longo prazos. Em outro painel, o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, disse que sua pasta tem adotado modelagens mais propositivas para o investimento em infraestrutura em prazos mais longos; a secretária Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, falou da meta do Brasil de se tornar carbono-neutro até 2050 e dos modelos para chegar lá; e o coordenador de infraestrutura do Grupo G20 no Ministério da Fazenda, Marden de Melo Barboza, destacou a importância da atração de investimentos privados para enfrentar os gargalos de infraestrutura do país, que são da ordem de R$ 4 trilhões.

Novo PPA

O PPA  2024-2027 traz como uma inovação a definição de indicadores-chave nacionais e metas, que poderão ser acompanhadas com transparência pela população. No total, o PPA tem 69 indicadores-chave (sete ligados à visão de futuro e 62 vinculados a 35 objetivos estratégicos), como redução da taxa de pobreza, queda no desmatamento anual, redução da emissão de gases de efeito estufa e aumento do PIB per capita, entre outros.

Outra novidade do PPA foi a adoção de cinco agendas transversais, que marcam a compreensão de que a articulação de diferentes políticas públicas é fundamental para sua maior eficiência. São elas: criança e adolescente, povos indígenas, mulheres, igualdade racial e ambiente.

O PPA é principal instrumento de planejamento orçamentário de médio prazo do Governo Federal. Ele define as diretrizes, os objetivos e as metas da administração pública federal, contemplando as despesas de capital (como, por exemplo, os investimentos) e outras delas decorrentes, além daquelas relativas aos programas de duração continuada. O PPA é estabelecido por lei, com vigência de quatro anos. Ele se inicia no segundo ano de mandato de um presidente e se prolonga até o final do primeiro ano do mandato de seu sucessor.

A elaboração do PPA começa a partir de um projeto de lei proposto pelo Poder Executivo, que deve ser submetido ao Congresso Nacional até quatro meses antes do encerramento do primeiro ano de mandato do presidente. O novo Plano é então avaliado e votado pelos congressistas para, em seguida, ser devolvido ainda no mesmo ano para sanção do presidente. Durante sua vigência, o PPA norteia a elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA). A Constituição Federal determina também que os planos e programas nacionais, regionais e setoriais sejam elaborados em consonância com o PPA.

Gostou do conteúdo que você acessou?

Quer saber mais? Faça parte dos nossos grupos de notícias!

Para fazer parte, acesse um dos links adiante para entrar no grupo do WhatsApp ou acessar nosso canal no Telegram

Fonte: Agência Gov