Rolim de Moura,

Pandemia do novo coronavírus desafia o emocional de profissionais de saúde em Rondônia
UTI Neonatal do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro recebe cuidados especiais; famílias recebem regularmente boletins de saúde

Publicado 16/04/2020
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Foto: Daiane Mendonça

Hospitais públicos de Porto Velho vivem um momento especial que une a boa técnica, disponibilidade de recursos humanos, e total dedicação a pacientes suspeitos da Covid-19.

Suas coordenações têm recebido apoio direto do Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron) e Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen).

Nota técnica da Agencia Estadual de Vigilância em Saúde orienta medidas de prevenção durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (2019-nCoV).

Essas medidas são baseadas nas informações atualmente disponíveis e podem ser refinadas e atualizadas à medida que outras forem surgindo. Trata-se de um microrganismo novo no mundo, com poucas evidências sobre ele.

A atenção no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, o maior da Amazônia, está redobrada no atual período e até o momento não houve necessidade de se interromper serviços tradicionalmente prestados, entre os quais, o neo-natal para mães ali internadas.

“O HB segue na condição de porta de entrada para as gestantes de Rondônia”, disse na quarta-feira (15) a diretora Raquel Gil. Segundo ela, as enfermarias, a UTI, o Centro-Cirúrgico e outras dependências estão equipadas com aparelhos respiradores, aventais, máscaras, protetor facial, entre outros.

“Organizamos horários de visita dos pais, o Projeto Mãe Canguru agora tem novos cuidados, distribuímos máscaras, toquinhas e orientamos sempre na higiene das mãos”, ela anunciou.

A diretora confirmou para esta quinta-feira (16) o funcionamento de dez novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Em geral, mesmo antes de atender um grande número de pessoas com o novo coronavírus, a direção ordenou a emissão de boletins médicos para as famílias de pacientes. Renais crônicos são atendidos normalmente, com as devidas precauções.

DESAFIO E PULSO FIRME

No plantão de sexta-feira próxima passada (10), a enfermeira Carla Cristina dos Santos, se viu desafiada para cuidar do caso de um homem de 41 anos de idade, de Ji-Paraná, com suspeita da Covid-19.

Esse paciente é HIV positivo, diabético, renal crônico e portador de hemiplegia [paralisia de metade sagital (esquerda ou direita) do corpo].

“Foi um caso de idas e vindas que me ensinou muito a ter paciência, controle emocional, e nesse aspecto sofri um pouco; fundamental é o apoio das nossas equipes e das equipes de outros hospitais, para que a gente faça o melhor”, comentou Carla.

Ela estava no Setor de Hemodinâmica e constatou que o paciente veio para fazer cateterismo cardíaco. O homem permaneceu na enfermaria naquele dia, e no sábado foi submetido a angioplastia [intervenção cirúrgica destinada a reparar um vaso deformado, estreitado ou dilatado].

Em seguida, foi enviado ao Hospital Samaritano, para o pós-operatório, e lá permaneceu o domingo todo. Na segunda-feira, teve que retornar ao HB para avaliação renal, e aí estava o desafio muito frequente à enfermagem. “Ele chegou diferente, com dispineia, cansado, fadigado mesmo, febril, e na mesma hora foi avaliado pelos médicos da Hemodinâmica; a Comissão de Controle e Infecção Hospitalar emitiu parecer, às 13h, isolando ele na presença de uma técnica que passou a cuidá-lo”, relatou a enfermeira.

Dispineia é a respiração incompleta, muitas vezes acompanhada de opressão torácica e mal estar.

Carla também destacou o empenho do Núcleo de Segurança do Paciente no HB, para que o homem pudesse sair novamente dali devidamente examinado. E assim aconteceu: fizeram tomografia, raio X, coleta para testes de Covid-19 e gripe Influenza, e demais exames laboratoriais. O paciente foi encaminhado ao Cemetron. O resultado do exame para a Covid-19 sairá nas próximas horas.

Pelo relato da enfermeira, cada situação mobiliza, no mínimo, dez profissionais de saúde e o motorista da ambulância.

COSME E DAMIÃO

No Hospital Infantil Cosme e Damião, a prontidão une equipe médica, farmácia e outros setores.

Auxiliar na farmácia, a enfermeira Nileia Ferreira dos Santos Maia descreve a rotina: “Temos uma servidora em grupo de risco, e a nossa chefe,  doutora Rosilda, nos orientou a respeito do momento dessa pandemia; resultado é que dois farmacêuticos trabalham pela manhã e um à tarde, também ligados em pacientes com sintomas de malária e de gripe”.

Para o Cosme e Damião convergem diariamente crianças e bebês com todo tipo de problemas, infecções, vítimas de violência doméstica e de atentado contra a vida.

O hospital montou tendas na área externa da unidade para fazer a triagem de crianças. Desde segunda-feira, elas passam por ali, e caso tenha sintomas respiratórios, são atendidas na segunda entrada. Após a avaliação, e, desde que apresentem outros sintomas referentes à Covid-19, serão levadas para a ala montada para receber esses pacientes suspeitos ou confirmados, e lá ficarão em observação até a confirmação ou não da doença.

RECOMENDAÇÕES DE CONTROLE

Ainda não existe vacina para prevenir a infecção por 2019-nCoV, reitera a nota técnica da Agevisa. “A melhor maneira de prevenir esta infecção é adotar ações de prevenção para impedir a propagação desse vírus”, assinala.

Como medidas de prevenção e controle, a Agência assinala que o serviço de saúde “deve garantir que as políticas e práticas internas minimizem a exposição a patógenos respiratórios, incluindo o novo coronavírus (2019-nCoV)”.

Desta maneira, as medidas devem ser implementadas antes da chegada do paciente ao serviço de saúde, na chegada, triagem e espera do atendimento e durante toda a assistência prestada.

No que diz respeito a casos suspeitos ou confirmados e acompanhantes:

►  Usar máscara cirúrgica;
►  Usar lenços de papel (tosse, espirros, secreção nasal);
► Higienizar frequentemente as mãos com com água e sabonete líquido ou preparação alcoólica;

Aos profissionais de saúde:

► Higienização frequente das mãos com água e sabonete líquido, ou preparação alcoólica;
► Usar óculos de proteção ou protetor facial, máscara cirúrgica, avental impermeável, e luvas de procedimento.

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