Rolim de Moura,

Mudança no câmbio na Argentina pode inviabilizar produção de trigo
A nova resolução do Banco Central do país pode fazer com que os custos de produção quase dupliquem

Publicado 04/06/2020
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Foto: Joseani Antunes/Embrapa Trigo

O governo da Argentina alterou as cotações do câmbio de importação usado para a compra de insumos e fertilizantes utilizados no plantio de trigo, um dos produtos agrícolas mais importantes do país, de acordo com informações recebidas pela T&F Consultoria. A nova resolução do Banco Central argentino pode fazer com que os custos de produção quase dupliquem, pois o câmbio anterior era de cerca de 51 pesos por dólar e agora a cotação seria ao redor de 92 pesos por dólar.

A Argentina tem um problema histórico com taxas de câmbio. Atualmente, há cerca de 15 tipos de câmbio paralelos no país e que são fixados pelo Banco Central, praticamente uma taxa para cada produto vendido. Enquanto a cotação da moeda argentina for a mesma tanto para a venda do produto, quanto para o custo de compras dos insumos necessários, não há problema. Porém, neste caso, o câmbio para a negociação do trigo foi mantido no patamar anterior, de 51 pesos por dólar, inviabilizando completamente qualquer negociação.

Entendendo a decisão

O Conselho do Banco Central da Argentina (BCRA) estabeleceu no dia 28 de maio novas medidas de acesso das empresas ao Mercado Único e Livre de Câmbio (MULC), com a intenção de organizar o pagamento das obrigações pelas importações de mercadorias. As empresas devem solicitar autorização prévia do BCRA para comprar dólares destinados ao pagamento de suas obrigações no exterior.

A decisão causou uma restrição do acesso ao mercado único de câmbio livre. O efeito real é uma divisão de taxas de câmbio em que o produtor terá que pagar seus insumos a uma cotação de dólar mais alta (entre 107 e 115 pesos por dólar), ante um dólar duas ou três vezes menor que cobrará pela venda de sua produção.

O que dizem os produtores

A situação no campo, segundo informações de Martin Ambrogio, vice-presidente da Associação da Cadeia de Soja da Argentina (Acsoja), permanece controlada no momento. Ele informa que as entregas de fertilizantes e insumos que estavam acordadas com preços fechados estão normalizadas. Porém, para novos negócios, eles estão fechando o valor em dólares e deixando o tipo de taxa de câmbio em aberto. Ele também diz que ao longo dos próximos dias isso terá que ser esclarecido, pois essa situação não afeta apenas o setor agrícola e sim todas as indústrias que utilizam insumos importados.

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Fonte: Canal Rural