Rolim de Moura,

Ipea revê crescimento do PIB agropecuário para 1,5% este ano
Houve melhora na lavoura e queda na agropecuária

Publicado 25/08/2020
A A

A expectativa de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário para este ano foi revista de 2% para 1,5%. Para o ano que vem, a projeção é que o índice chegue a 3,2%. A análise está na Carta de Conjuntura referente ao terceiro trimestre de 2020, divulgada hoje (25) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Segundo o Ipea, há melhora nas estimativas para a lavoura neste ano, que passou de 3% para 3,6%, com o crescimento da produção de soja em 5,9%, de arroz em 7,3%, do trigo, 41%, da cana-de-açúcar, 2,4%, e do café, em 18,2%, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE.

Porém, a pecuária aponta para queda de 2,8%, principalmente por causa da produção de carne bovina, com previsão de diminuir 6,3%. A estimativa do instituto se baseia na diminuição da oferta desde o começo do ano, após a forte alta verificada no segundo semestre de 2019, além da paralisação de alguns frigoríficos provocada pela pandemia da covid-19.

O Ipea aponta também a mudança no padrão de consumo de alimentos, provocada pelo isolamento social, que aumentou a alimentação em casa e diminuiu em restaurantes e lanchonetes. A expectativa do instituto é que no segundo semestre do ano ocorra uma retomada com a reabertura dos setor de bares e restaurantes e aumento da ocupação no mercado de trabalho.

A carne suína deve subir 5,2% este ano e a produção de ovos, 2,8%. A produção de frango está com previsão de queda de 0,6% e a de leite deve diminuir 0,2%.

2021

Para o próximo ano, a projeção do Ipea é que o PIB da lavoura cresça 3,2%, com a produção de milho avançando 9,1% e a de soja 10,5%, conforme previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

Já o PIB da pecuária deve aumentar 5%, com a perspectiva de recuperação em todos os segmentos, liderados pelo crescimento de 6,3% da carne bovina.

Mesmo com a maior incerteza econômica devido à pandemia, o instituto prevê que o crédito rural manterá favorável as condições de juros, inadimplência e prazo para a próxima safra, em especial para o pequeno e médio produtor. O volume de crédito contratado em julho chegou a R$ 23,9 bilhões, o que representa aumento de 48,8% em relação a julho do ano passado.

Exportações e importações

Na balança comercial, as exportações brasileiras do setor agropecuário tiveram aumento de valor de 11% de janeiro a julho, na comparação com o mesmo período de 2019. Os destaques foram a carne suína, que cresceu 162%; o complexo sucroalcooleiro com aumento de 59,1%; os produtos de soja com mais 30,6%, e carne bovina, que subiu 161,1%. As vendas foram impulsionadas pela reabertura econômica da China no final do primeiro trimestre, após o isolamento social por causa da pandemia.

Nas importações, houve queda de 9% no valor nos dez principais produtos agropecuários importados pelo Brasil, puxado pelo salmão, que caiu 35%, do malte com queda de 15% e do alho, que diminuiu 13%.

“Com o afastamento social e a provável queda no consumo de cerveja, que é o principal produto a utilizar o malte como insumo, a demanda por malte diminuiu. O mesmo pode ter acontecido com outras bebidas alcoólicas à base de malte”, analisa o Ipea.

Gostou do conteúdo que você acessou?

Quer saber mais? Faça parte dos nossos grupos de notícias!

Para fazer parte, acesse um dos links adiante para entrar no grupo do WhatsApp ou acessar nosso canal no Telegram