Rolim de Moura,

Déficit primário deverá encerrar 2020 em R$ 787,45 bilhões
Valor consta das novas estimativas para orçamento

Publicado 22/07/2020
A A

A aprovação de créditos extraordinários e a queda de receitas provocada pela pandemia do novo coronavírus devem elevar o déficit primário para R$ 787,45 bilhões em 2020, informou, há pouco, o Ministério da Economia. O valor consta do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, entregue hoje (22) pela pasta ao Congresso Nacional.

O déficit primário representa o resultado negativo nas contas do governo, desconsiderando os juros da dívida pública. No relatório anterior, divulgado no fim de maio, a pasta previa que o rombo nas contas públicas ficaria em R$ 540,53 bilhões.

Em relação às estimativas para a economia, o relatório manteve a maioria das projeções. A previsão de queda para o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) continuou em 4,7%. A estimativa está mais otimista que a das instituições financeiras, que preveem contração de 5,95% no PIB, segundo a última versão do boletim Focus, pesquisa semanal divulgada pelo Banco Central.

A estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como índice oficial de inflação, caiu de 1,8% para 1,6% neste ano. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para corrigir o salário mínimo, encolheu de 2,4% para 2,1%.

Por causa dos recentes cortes na taxa Selic (juros básicos da economia), o relatório atualizou a previsão de taxa média de 3,1% para 2,6% em 2020. Atualmente, a Selic está em 2,25% ao ano.

Queda da arrecadação

A deterioração do resultado primário decorre tanto da queda de arrecadação como do aumento de gastos relacionados ao enfrentamento da pandemia. A nova versão do relatório aponta redução de R$ 17,61 bilhões nas receitas líquidas da União. A principal causa é a queda na renda e na atividade econômica, que reduziu a arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), do Imposto de Renda, do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

A alta do dólar e a diminuição das compras do exterior fizeram o governo cortar a estimativa de arrecadação do Imposto de Importações. A queda da massa salarial, resultante do aumento do desemprego, fez o governo reduzir a estimativa de arrecadação da Previdência Social em R$ 1,34 bilhão.

As receitas não administradas, recursos não relacionados a tributos, subirão R$ 3,2 bilhões em relação à previsão apresentada no fim de maio. A alta está relacionada à recuperação na cotação internacional do petróleo, que passou de US$ 35,67 no fim de maio para US$ 41,95 atualmente, permitindo elevar a estimativa de receitas de royalties em R$ 5,3 bilhões.

O aumento nas receitas de royalties foi parcialmente compensado pela queda de R$ 1,6 bilhão na estimativa de arrecadação de taxas, principalmente as taxas cobradas por aeroportos, que caíram em razão da queda nas viagens durante a pandemia.

Alta nos gastos

Quanto aos gastos, o relatório prevê aumento de R$ 233,56 bilhões nas despesas obrigatórias e queda de R$ 4,26 bilhões nas despesas discricionárias (não obrigatórias).

Entre os gastos obrigatórios, a maior alta corresponde aos créditos extraordinários, que somaram R$ 235 bilhões desde o relatório anterior no fim de maio. A maior parte desses créditos (R$ 101,6 bilhões) financiou a prorrogação do auxílio emergencial de R$ 600 (R$ 1,2 mil para mães solteiras). Foram destinarados ao pacote de socorro a estados e municípios R$ 60,1 bilhões.

Gostou do conteúdo que você acessou?

Quer saber mais? Faça parte dos nossos grupos de notícias!

Para fazer parte, acesse um dos links adiante para entrar no grupo do WhatsApp ou acessar nosso canal no Telegram