Rolim de Moura,

Manipular números é lealdade militar burra e genocida, diz Mandetta
"Talvez seja isso o que a gente vá presenciar: uma grande noite da ciência", disse ele

Publicado 08/06/2020
A A
Foto: Isac Nóbrega/PR

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou neste final de semana que a decisão do Ministério da Saúde de não mais divulgar o total do número de casos e de morte pela Covid-19 "é uma tragédia"."Não informar corretamente significa que o estado pode ser mais nocivo do que a doença", afirma ele.

Mandetta participou  de uma live com o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), organizada pelo IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público).

Para ele, quando os números de epidemias começam a explodir, "é quase que uma atração fatal do indivíduo falar: 'e se a gente mudasse os números, maquiasse os números?'"

No caso da crise do novo coronavírus, esconder dados da população "seria mais do que isso. Seria uma plástica transformadora. Me parece que o que estão querendo fazer é uma grande cirurgia nos números".

O combate a uma doença como a Covid-19, que não tem cura nem vacina, dependeria hoje exclusivamente do comportamento social das pessoas -e, para se proteger, elas teriam que estar bem informadas, diz o ex-ministro.

Mandetta afirma ainda que, quando saiu do governo, chegou a pensar que o fato poderia levar o presidente Jair Bolsonaro a refletir, já que ele se opunha frontalmente ao ex-ministro."Entrou o Nelson Teich, que é médico, e foi a mesma coisa. Quer dizer, não era uma coisa [problema] comigo. Era uma coisa de não querer nenhuma tomada de decisões que não fossem decisões políticas", afirma.

Depois da saída de Teich, os militares tomaram de vez o ministério. O general Eduardo Pazuello foi oficializado como titular da pasta.

Mandetta diz que, "talvez nomeando alguém que não tem muito compromisso com o setor de saúde", mas sim com uma cultura militar, de lealdade e de cumprimento de missão, ficaria mais fácil "manipular e torcer os números".

Segundo ele, a atitude seria de lealdade, mas uma "lealdade burra e genocida"."Talvez seja isso o que a gente vá presenciar: uma grande noite da ciência", disse ele.

Gostou do conteúdo que você acessou?

Quer saber mais? Faça parte dos nossos grupos de notícias!

Para fazer parte, acesse um dos links adiante para entrar no grupo do WhatsApp ou acessar nosso canal no Telegram