Rolim de Moura,

Maia diz que foco deve ser teto de gastos e reforma tributária
Presidente da Câmara admite que não há acordo quanto às privatizações

Publicado 18/08/2020
A A

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), alertou hoje (18) que, em função das eleições municipais deste ano, o Congresso Nacional precisa definir quais são suas prioridades, de forma a evitar que, ao avançar sobre muitos temas, acabe por “embolar” todos os temas. Na avaliação do deputado, o foco tem de estar no teto de gastos e na reforma tributária.

Ao ser perguntado, durante a palestra online Brasil em Reforma, da 21ª Conferência Anual Santander, sobre as expectativas com relação à privatização de estatais, em especial a da Eletrobras, o presidente da Câmara disse que as duas casas legislativas não têm conseguido chegar a um acordo sobre o assunto, e que “não fará muita diferença” privatizar a empresa neste ou no próximo ano.

“Precisamos decidir quais são as prioridades porque teremos eleições municipais. Avançar em muitos temas pode acabar embolando todos os temas. Eu ficaria com a urgência do teto de gastos pelo Senado, que é o que está combinado. E eu trabalharia, junto com o governo, com o Senado e com a Câmara, na reforma tributária. Poderíamos trabalhar juntos também para retomar o debate da reforma administrativa”, disse Maia.

Segundo ele, as três propostas da reforma tributária que tramitam no Congresso Nacional são convergentes. “Elas têm o mesmo objetivo. Claro que a emenda constitucional tem impacto maior porque amplia os impostos de municípios e de estados, organizando melhor os impostos sobre bens e serviços. O que precisamos agora é construir caminhos para que possamos aprovar ainda este ano pelo menos na Câmara a proposta”, disse. 

Maia manifestou preocupação com a competitividade do setor privado que, segundo ele, terá papel importante para a recuperação do país e da economia após a pandemia.

Reforma administrativa

Perguntado sobre se há ou não disposição entre seus pares para avançar no debate da reforma administrativa, Maia disse que a qualidade do gasto público é decisiva. “Não tem problema tributar se os recursos entram no governo e são alocados em políticas que melhoram a qualidade de vida do cidadão e na economia. Mas a gente precisa entender que o Estado foi construído olhando os lobbies tanto do setor público como do privado. E esses interesses acabaram prevalecendo em relação aos interesses da base da sociedade”.

Nesse sentido, o presidente da Câmara defendeu que os debates sobre o tema avancem, até pela compreensão que, segundo ele, o Parlamento já tem de que a melhoria da gestão pública tem um peso importante também para a valorização e o respeito à própria política.

“Não estamos discutindo aqui a redução do tamanho do Estado, até porque no curto prazo não parece uma coisa viável, mas a qualidade do gasto público, o que é fundamental. Espero que o governo possa compreender que essa não é uma matéria que vá gerar desgaste. Ao contrário, mais de 70% da população espera uma reforma onde a gente olhe de fato a qualidade do serviço público na ponta”, disse ao defender regras onde mérito, valorização e qualidade do serviço público estejam dentro do ambiente do servidor público.

“Hoje, sem dúvida nenhuma, não há um estímulo à progressão. Acho que as regras atuais não beneficiam um trabalho de melhoria da qualidade do serviço público. Esse debate é fundamental. O dinheiro que entra no serviço público precisa de um olhar, não igual ao do setor privado, mas de um olhar de qualidade e de produtividade que, infelizmente, hoje não existe no Estado brasileiro”, complementou.

Gostou do conteúdo que você acessou?

Quer saber mais? Faça parte dos nossos grupos de notícias!

Para fazer parte, acesse um dos links adiante para entrar no grupo do WhatsApp ou acessar nosso canal no Telegram