Rolim de Moura,

Senadores avaliam lista de prioridades do governo no Congresso
Bolsonaro fala na sessão de reabertura dos trabalhos do Congresso, na quarta-feira (3)

Publicado 08/02/2021
A A

Depois de apresentar uma lista com mais de 30 propostas em tramitação no Congresso consideradas prioritárias, o governo tem agora que convencer os parlamentares a apoiarem essas pautas. A avaliação é do senador Nelsinho Trad (PSD-MS).

No documento entregue na quarta-feira (3) pelo presidente Jair Bolsonaro aos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, estão projetos como a reforma tributária e as três propostas de emenda à Constituição (PECs) da chamada Agenda Mais Brasil: PEC Emergencial (PEC 186/2019), PEC do Pacto Federativo (PEC 188/2019) e PEC dos Fundos (PEC 187/2019).

Para Trad, é natural o governo apresentar suas prioridades, mas o senador frisa que cabe a deputados e senadores avaliar se as propostas devem prosperar. 

— Uma  coisa é você ter a percepção daquilo que é importante para o governo, outra coisa é o debate e a aprovação das matérias. Temos situação e oposição. Vai caber ao governo apresentar as boas ideias para convencer a oposição a aprová-las. Cada senador tem o seu pensamento, sua ideia, e vota do jeito que sua consciência determinar. Estamos aqui para debater e esgotar o debate e votar a favor ou contra. Na reunião de líderes deverá sair a lista daqueles que vão tramitar na frente dos outros — disse Trad à Agência Senado.

Porte de armas

Na planilha, elaborada pela Secretaria de Governo da Presidência, também figuram itens fora das pautas relacionadas à crise econômica e sanitária. Uma das propostas traz regras para flexibilizar registro, posse e comercialização de armas de fogo. Esse talvez seja o ponto mais sensível entre as prioridades listadas, conforme avaliação da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). Ela usou sua conta em uma rede social para criticar a intenção do governo de flexibilizar o acesso a armas de fogo.

“É inadmissível que num país com 14 milhões de desempregados, o presidente peça ao Congresso para priorizar ampliação do porte de armas. Sobre o auxílio emergencial, nenhuma palavra. A hora é de fazer reformas, garantir vacina para todos, alavancar a economia e gerar empregos”, apontou. 

Pandemia e economia

Avançar na vacinação e garantir um auxílio para os mais necessitados parecem ser as prioridades que estão no topo da lista para a maioria dos senadores. Líder da Minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN) disse que a Casa deve atuar para resolver as consequências da covid-19. 

— Compreendo que a população brasileira deve cobrar do Senado Federal a aprovação de propostas urgentes no combate à pandemia e à crise econômica, instaurada não só pelas consequências da rápida disseminação do vírus, mas também pela condução irresponsável de suas consequências pelo Poder Executivo. As expectativas dos  brasileiros sobre o trabalho do Congresso são grandes. Principalmente dos que estão procurando emprego ou dependem de amparo direto do Estado. Uma reforma tributária justa e equitativa, capaz de diminuir as desigualdades, é fundamental para a recuperação da economia — apontou.

Jean Paul defendeu medidas para melhorar o ambiente de negócios e também manifestou resistência à possibilidade de aumentar o número de armas em circulação. 

— Aprovar leis que melhorem o ambiente negocial brasileiro e modernizem a regulação, para possibilitar maiores investimentos em infraestrutura e consequentemente melhores serviços, também deve ser uma prioridade. Existem muitos problemas nas prioridades estabelecidas pelo governo, mas tenho a convicção de que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, saberá conter algumas das propostas punitivistas de natureza claramente inconstitucional, e, pior, totalmente inefetivas. Há um debate muito importante a ser travado na reforma do sistema de segurança pública brasileiro, mas os melhores exemplos apontam para aprimoramento de inteligência e de dados, e não incluir mais e mais violência no sistema e achar que isso resolve alguma coisa — disse Jean Paul Prates. 

Vacinas

No encontro com Bolsonaro na quarta, Lira e Pacheco reafirmaram o diálogo entre os Poderes e a prioridade das pautas econômicas e de combate à pandemia do novo coronavírus.

Antes da visita a Bolsonaro, os presidentes do Senado e da Câmara já haviam antecipado projetos considerados por eles prioritários, como a ampliação da oferta de vacinas.

Já nesta quinta-feira (4), o Senado mostrou que esse será um dos nortes: na primeira sessão de votações, a Casa aprovou uma MP que facilita a aquisição de vacinas.  Pacheco ressaltou que a pauta de prioridades do Senado para os próximos meses deve ser sacramentada em reunião de líderes na próxima semana.

Gostou do conteúdo que você acessou?

Quer saber mais? Faça parte dos nossos grupos de notícias!

Para fazer parte, acesse um dos links adiante para entrar no grupo do WhatsApp ou acessar nosso canal no Telegram