Rolim de Moura,

Vacinação de profissionais da educação é urgente, aponta debate

Publicado 08/06/2021
A A

Acelerar a vacinação dos profissionais de educação é urgente, para que não se agrave o prejuízo pedagógico provocado pela pandemia do novo coronavírus. O apelo foi feito por especialistas e senadores, em audiência pública interativa desta segunda da Comissão Temporária Covid-19 (CTCOVID-19).

Alguns estados já iniciaram a vacinação de profissionais da educação, como Espírito Santo, Maranhão e São Paulo, mas no Programa Nacional de Imunização (PNI) a inclusão desse grupo como prioritário foi anunciada apenas no final de maio. Segundo o diretor-executivo do movimento Todos Pela Educação, Olavo Nogueira Batista Filho, ainda falta vacinar 1,5 milhão de profissionais de educação.

— Se não tomarmos medidas muito vigorosas no curtíssimo prazo, estamos correndo o risco de ter o retorno das aulas para valer apenas em 2022, um cenário ainda mais catastrófico — advertiu Batista Filho.

Ellen Gera de Brito Moura, secretário de Educação do Piauí e representante do Conselho Nacional de Secretários de Educação, afirmou que a vacinação porá fim à a “desconfiança” em relação ao retorno do ensino presencial.

— Não podemos aceitar escolas fechadas. Vamos empurrar para 2022, aí serão dois anos de afastamento das escolas. O regime híbrido é um paliativo, mas não pode ser o modelo que vai dar conta da aprendizagem dos nossos estudantes — avaliou.

O presidente da CTCOVID-19, senador Confúcio Moura (MDB-RO), concordou e se comprometeu a colocar a comissão a serviço da campanha pela vacinação.

— As audiências públicas visam fundamentar nosso trabalho aqui no Senado. Vamos partir para cima para vacinar os professores — defendeu Confúcio.

Wellington Fagundes (PL-MT), relator da comissão, propôs que o colegiado faça uma “recomendação” que leve o governo a priorizar os profissionais da educação.

O secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Mauro Luiz Rabelo, reconheceu a gravidade do problema e expôs as ações planejadas pelo governo federal, entre elas a aplicação dos questionários do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) ainda em 2021, para medir o impacto da pandemia, e a oferta de cursos on-line de capacitação de professores para lidar com as novas tecnologias.

— A educação é responsabilidade da União, dos estados, do Distrito Federal, dos municípios e da sociedade civil como um todo. Estamos discutindo um programa de retorno. Os desafios são imensos, mas com trabalho cooperativo vamos minimizar os efeitos que a pandemia tem causado — previu.

Críticas 

A senadora Kátia Abreu (PP-TO) acusou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, de fazer pouco pela vacinação de professores e demais profissionais da educação.

— Se ele colocasse [publicamente] os perigos que isso significa, conseguiria nosso apoio. Gostaria de sugerir que o ministro tivesse uma presença maior agora. Nunca é tarde para começar.

Zenaide Maia (Pros-RN) também criticou o ministro e lembrou que os professores “são mal pagos e a grande maioria anda de transporte coletivo”. Vice-presidente da comissão, Styvenson Valentim (Podemos-RN) apontou que “muitos professores da rede estadual também dão aula nas escolas privadas”. O secretário de Educação Básica defendeu a atuação do ministro e apresentou números de liberação de recursos.

— O nosso ministro, no primeiro dia do novo ministro da Saúde [Marcelo Queiroga]) foi levar a ele o pedido de estabelecimento dos profissionais de educação nas prioridades da vacina. Dentro do Programa Dinheiro Direto na Escola, disponibilizamos R$ 672 milhões nas escolas para auxiliar no retorno das atividades, dos quais já liberamos R$ 524 milhões — disse Rabelo.

Soraya Thronicke (PSL-MS) aproveitou a audiência para defender a educação domiciliar, ou homeschooling, sistema em que o ensino básico é ministrado sob orientação dos pais, e não dos professores, obedecidas certas condições. A senadora é relatora do projeto que regulamenta a prática (PLS 490/2017). O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Martins Garcia, disse que sua entidade é contrária à ideia, por considerar importante o convívio com os colegas de escola para a socialização da criança.

Evasão escolar

Senadores manifestaram preocupação com a evasão escolar provocada pela demora no retorno definitivo às aulas presenciais.

— O maior desafio do ensino médio vai ser trazer de volta os alunos. Há um desestímulo completo. Os jovens não veem nessa escola que está aí perspectiva de futuro — disse Izalci Lucas (PSDB-DF).

Espiridião Amin (PP-SC) pregou a criatividade no uso da tecnologia para compensar as carências do ensino a distância.

— Vamos pensar em como transformar o limão na limonada. Temos que aproveitar a dificuldade para reduzir as despesas, mas continuar com o compromisso de reduzir precariedades estruturalmente funcionais que existiam e agora são mais graves. Não está certo o caminho que estamos percorrendo.

Prorrogação

O senador Confúcio anunciou ter colocado na pauta a prorrogação dos trabalhos da comissão temporária, a pedido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Instalada em 3 de março, a CTCOVID-19 encerra seus trabalhos, a princípio, no dia 30 de junho. Segundo Confúcio, a crise sanitária exige a continuidade do colegiado.

Copa América

Foi aprovado na reunião requerimento da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). O REQ 75/2021 pede que sejam prestadas pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informações em relação à decisão do Brasil de sediar este mês, em meio à pandemia, a Copa América de futebol masculino.

Gostou do conteúdo que você acessou?

Quer saber mais? Faça parte dos nossos grupos de notícias!

Para fazer parte, acesse um dos links adiante para entrar no grupo do WhatsApp ou acessar nosso canal no Telegram

Fonte: Assessoria