Rolim de Moura,

Talento de mulheres que superaram a hanseníase é revelado pelo projeto Art’s BioHans; parceria entre Agevisa e ONG
Projeto de produção de biojoias tem ajudado centenas de pessoas acometidas de hanseníase a serem inseridas no segmento do empreendedorismo

Publicado 23/07/2021
Atualizado 23/07/2021
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O Governo de Rondônia, por meio da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), incentiva o projeto de produção de biojoias Art’s BioHans, desenvolvido em parceria com a Organização Não Governamental (ONG), NHR Brasil, de origem holandesa sediada no Brasil e revela o talento de mulheres que superaram a hanseníase, pelo autocuidado.

De acordo com o diretor-geral da Agevisa, Gilvander Gregório de Lima que visitou a oficina do projeto. “Essa iniciativa é muito importante porque envolve a questão do autocuidado, essencial para quem faz o acompanhamento da hanseníase. Além disso, ainda traz renda para essas mulheres que participam do projeto”, salientou o diretor.

A gerente técnica de Epidemiologia da Agevisa, Maria Arlete da Gama Baldez, explica que “a parceria da Agevisa com o Art’s BioHans começou em 2017 quando passou a integrar o projeto de reabilitação socioeconômica. Esse projeto tem ajudado centenas de pessoas acometidas de hanseníase a serem inseridas no segmento do empreendedorismo, além de ser uma terapia que contribui fortemente para a melhora da autoestima, inclusão social e reabilitação socioeconômica de pessoas acometidas pela doença”.

NHR BRASIL

A NHR Brasil é uma entidade sem fins lucrativos de Direito Privado com sede em Amsterdã na Holanda, e integra a Federação Internacional de Associações de Combate à Hanseníase (Ilep). O principal objetivo é permitir aos estados cuidar melhor de pacientes hansenianos incentivando a criação de grupos de autocuidado espalhados pelo Brasil, incluindo Rondônia.

“Sabemos do alto potencial incapacitante da doença e todos os estigmas criados ao longo da história; temos os grupos de autocuidado implantados e por meio deles trazemos as pessoas para cursos de capacitação que podem gerar complementação à renda familiar pela produção autônoma, e até mesmo a inserção no mercado formal de trabalho”, complementou a coordenadoria estadual de Hanseníase, Albanete Mendonça.

ART’S BIOHANS

A sala de aula do projeto, em Rondônia, funciona na casa da artesã e professora de artesanato, Cristiane Oliveira, no Bairro Planalto 2, cerca de dez quilômetros do Centro de Porto Velho. A artesã, especialista na confecção de biojoias, também conhecida como Hadasa, ensina grupos de mulheres, acometidas pela doença a arte das ecojoias feitas a partir de produtos da floresta como coco babaçu, fibras de bananeira, buriti, tucumã, sisal, ouriço de castanha e tucumã para a confecção de brincos, colares e pulseiras a partir de sementes, garrafas com adornos de palha e outros objetos vendidos pelas redes sociais do projeto.

“Esse tipo de arte já desperta o interesse de clientela brasileira e estrangeira para a compra de ecojoias que costumavam ser expostas em diversos espaços. Já tivemos encomendas até da França, mas as vendas diminuíram um pouco com a pandemia, porque por muito tempo não conseguimos participar de eventos”, revela a professora.

A próxima oficina, prevista para a semana que vem, já tem 42 alunos inscritos e terá a duração cinco dias. Entre as alunas já formadas estão também mulheres jovens como, Carla Catiuce, de 30 anos. Desde 2013 ela faz tratamento contra a hanseníase e encontrou no projeto a oportunidade de voltar ao mercado de trabalho. “Somos muito discriminadas e produzindo as ecojoias eu me sinto útil e não dependo somente dos benefícios de políticas públicas”, destacou a artesã ao finalizar uma de suas peças ao lado de outra aluna do projeto, Maria Silva de 69 anos.

O acabamento fino do produto lixado à mão, não precisa nem de verniz o que torna tudo muito mais ecológico. “Tudo é 100% natural, com design, corte, lapidação e marchetaria produzidos pelas mãos delas”, explica a artesã Cristiane Oliveira.

“Isso aqui para mim é uma terapia. Fazendo essas peças eu relaxo e ainda ganho meu dinheirinho. Além das ecojoias fiz também as oficinas de gastronomia. Vendo bombons, geleias, pães”, conta a artesã.

As peças das artesãs são divulgadas pelas redes sociais.

HANSENÍASE

A hanseníase tem cura, mas continua sendo uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo agente etiológico é o Mycobacterium leprae. A magnitude e o alto poder incapacitante mantêm a doença como um problema de saúde pública. O Brasil é um dos países que não eliminou a hanseníase e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), segue como o 2º país do mundo em número de casos, perdendo apenas para a Índia.

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