Rolim de Moura,

Rondônia é fundamental para “negócios da floresta”
Povos tradicionais e indígenas da região sul de Rondônia agora fazem parte de projeto de proteção

Publicado 11/10/2021
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Uma boa notícia para a floresta em pé: os povos tradicionais e indígenas da região sul de Rondônia agora são parte do Quinto Território Origens Brasil®. Esse novo território integra a rede colaborativa entre empresas, instituições de apoio, populações tradicionais e povos indígenas da Amazônia. Em cinco anos o Origens Brasil® movimentou R$ 10 milhões com relações comerciais diretas, éticas e transparentes.

O nome escolhido para o novo território é uma referência a como se autodenominam os povos indígenas da região, os Tupi Mondé, e também à bacia hidrográfica do rio Guaporé-Madeira – importante contribuinte do rio Amazonas. O novo território surgiu da articulação junto ao Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), administrador da rede Origens Brasil®, em conjunto com a Forest Trends, Pacto das Águas e a Kanindé.

Os territórios de diversidade socioambiental Origens Brasil® começaram com a atuação da rede no Território do Xingu (MT/PA). Essas ações se expandiram para os Territórios da Calha Norte (PA), Rio Negro (AM/RR) e Solimões (AM). O Tupi Guaporé é o quinto a participar da rede que conta com mais de 57 instituições de apoio e organizações-membros. Três dessas instituições de apoio atuam para a governança dessa nova área: Forest Trends, Kanindé e Pacto das Águas.

“A expansão da rede para um novo território possibilita a valorização da cultura, da produção tradicional e a comercialização dos produtos, promovendo a conservação da floresta. O Origens Brasil apoia a geração de negócios sustentáveis entre as empresas e os produtores membros – populações tradicionais e povos indígenas, gerando renda e possibilitando que esses verdadeiros guardiões da floresta continuem na floresta fazendo o que gostam.”, afirma Helga Yamaki, coordenadora de projetos do Origens Brasil® no Imaflora.

A região de atuação do Tupi Guaporé soma mais de 5 milhões de hectares – o equivalente ao estado do Rio Grande do Norte – em áreas protegidas, inclui 13 terras indígenas, oito unidades de conservação (Reservas Extrativistas – Resex) e um Projeto de Assentamento de Desenvolvimento Sustentável (PDS).

Cerca de 10 mil pessoas vivem no Território Tupi Guaporé, sendo 8.076 indígenas, somados às populações tradicionais de castanheiros, seringueiros e extrativistas. A diversidade cultural do quinto território Origens Brasil® se expressa nas 20 línguas indígenas do tronco Tupi e Macro-jê, com diversas famílias tais como a Mondé, Aikanã, Kanoe e Koazá, além dos povos isolados sem tronco linguístico identificado.

A rede Origens Brasil® atua em prol da conservação de 52 milhões de hectares de floresta em pé. Seu objetivo é promover negócios sustentáveis em áreas protegidas da Amazônia – Unidades de Conservação e Terras Indígenas, garantindo a transparência e rastreabilidade da cadeia produtiva, promovendo assim, relações justas e éticas.

As primeiras iniciativas pactuadas no Quinto Território devem acontecer em uma área de 342.249,77 mil hectares. As cadeias produtivas que serão fortalecidas pela iniciativa serão o artesanato, a borracha e a castanha-do-brasil. Duas empresas membros do mercado da moda já atuam na cadeia da borracha, a Osklen e a Vert. Na cadeia do artesanato novas parcerias já estão sendo construídas.

As comunidades que participam desta iniciativa para o manejo da cadeia da borracha, serão seringueiros das Resex Federal e Estadual do Rio Cautário e da Resex do rio Ouro Preto.

“Se pudesse te dizer algum sentimento sobre a entrada do Origens Brasil® em Rondônia, penso que isso está trazendo esperança para as pessoas. Esperança de poder continuar vivendo na e da floresta em pé. Como por exemplo o pessoal que hoje vive da comercialização da borracha nativa que ganhará novas parcerias de compra.” , diz Plácido Costa, biólogo e Articulador Interinstitucional do Pacto das Águas.

Ameaças

Rondônia é um território marcado pelo encontro dos rios da Amazônia e das estradas que trouxeram novas frentes de povoamento para a floresta. A proximidade destas regiões com as áreas protegidas faz o Território Tupi Guaporé enfrentar crescentes pressões e ameaças. Entre as atividades destrutivas que geram impactos ambientais em todas as áreas estão a exploração ilegal de madeira, o garimpo e a invasão de áreas pela grilagem e a pecuária ilegal.

A presença destas atividades, mesmo fora das áreas protegidas, aumenta as queimadas ilegais nessas regiões. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Rondônia representa 11,73% do desmatamento da floresta. Em 2020, o estado perdeu 1.259 quilômetros quadrados de áreas naturais.

A grande maioria dos povos que integram o Quinto Território foram contactados depois de 1974. Os povos Tupi Mondé saíram do isolamento depois de parte de sua área original ser cortada por estradas como a BR-364 e a BR-319.

Segundo o recente relatório publicado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas, o Sul da Amazônia é a região mais ameaçada por possíveis incêndios e desmatamento. As ações de proteção desta região são fundamentais para a redução das emissões de gases que aquecem o planeta e para garantir a integridade da floresta em pé.


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